A crise global gerada pela disseminação do COVID-19 é, para a maioria de nós, um acontecimento sem precedentes, algo que nunca imaginamos presenciar. Diariamente, vemos notícias de hospitais que não comportam a alta demanda ocasionada pela pandemia e um número de vítimas fatais que cresce a uma velocidade assustadora.
Saindo do ambiente dos hospitais, vemos grandes danos e prejuízos em muitas, ou praticamente todas as esferas da sociedade. Os impactos gerados vão além dos relacionados à saúde pública. Eles afetam o turismo, o varejo, a alimentação fora de casa, o transporte, a educação, os esportes, a construção civil, a indústria e muitos outros segmentos.
Governos, entidades e empresas atuam incansavelmente elaborando planos na tentativa de minimizar os impactos, e uma das consequências que vêm sendo amplamente debatida é a disponibilidade e a distribuição de alimentos seguros para a população.
Nesse contexto, os conceitos de segurança alimentar e segurança dos alimentos vêm à tona. Porém, muitas vezes eles são utilizados erroneamente como sinônimo, até mesmo por profissionais da área. Assim, entendemos a importância de transmitir informações esclarecedoras e apresentamos a seguir as definições desses dois termos.
SEGURANÇA ALIMENTAR
A definição oficial de segurança alimentar, de acordo com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar é: "direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.1"
Ou seja, diz respeito ao acesso ao alimento, em quantidade e qualidade seguras, sem que essa prática prejudique o acesso a outras necessidades.
Embora o conceito seja um pouco abrangente, ele contempla a esfera social, no sentido de garantir que exista alimento em quantidade suficiente e que esse alimento chegue a toda a população mundial de forma acessível; e a esfera nutricional, enfatizando o direito da população a um alimento com qualidade e valor nutricional adequados.
O termo segurança alimentar está relacionado aos direitos humanos à alimentação e, para ser assegurado, mobiliza inúmeras políticas públicas e estratégias a nível mundial de órgãos como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e o World Food Programme (WFP). Os planos, diversificados e adequados para cada região do globo, envolvem desde adequações de logística e distribuição de alimentos até o desenvolvimento de agricultura familiar sustentável e sistemas hídricos de abastecimento com o objetivo de erradicar a fome no mundo até 2030.
Vários fatores podem colocar em risco a segurança alimentar, como guerras, mudanças climáticas, desastres ambientais e pandemias.