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Segurança Alimentar x Segurança Dos Alimentos No Contexto Do COVID-19

Publicado April 30, 2020
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A crise global gerada pela disseminação do COVID-19 é, para a maioria de nós, um acontecimento sem precedentes, algo que nunca imaginamos presenciar. Diariamente, vemos notícias de hospitais que não comportam a alta demanda ocasionada pela pandemia e um número de vítimas fatais que cresce a uma velocidade assustadora.

Saindo do ambiente dos hospitais, vemos grandes danos e prejuízos em muitas, ou praticamente todas as esferas da sociedade. Os impactos gerados vão além dos relacionados à saúde pública. Eles afetam o turismo, o varejo, a alimentação fora de casa, o transporte, a educação, os esportes, a construção civil, a indústria e muitos outros segmentos.

Governos, entidades e empresas atuam incansavelmente elaborando planos na tentativa de minimizar os impactos, e uma das consequências que vêm sendo amplamente debatida é a disponibilidade e a distribuição de alimentos seguros para a população.

Nesse contexto, os conceitos de segurança alimentar e segurança dos alimentos vêm à tona. Porém, muitas vezes eles são utilizados erroneamente como sinônimo, até mesmo por profissionais da área. Assim, entendemos a importância de transmitir informações esclarecedoras e apresentamos a seguir as definições desses dois termos.

SEGURANÇA ALIMENTAR

A definição oficial de segurança alimentar, de acordo com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar é: "direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.1"

Ou seja, diz respeito ao acesso ao alimento, em quantidade e qualidade seguras, sem que essa prática prejudique o acesso a outras necessidades.

Embora o conceito seja um pouco abrangente, ele contempla a esfera social, no sentido de garantir que exista alimento em quantidade suficiente e que esse alimento chegue a toda a população mundial de forma acessível; e a esfera nutricional, enfatizando o direito da população a um alimento com qualidade e valor nutricional adequados.

O termo segurança alimentar está relacionado aos direitos humanos à alimentação e, para ser assegurado, mobiliza inúmeras políticas públicas e estratégias a nível mundial de órgãos como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e o World Food Programme (WFP). Os planos, diversificados e adequados para cada região do globo, envolvem desde adequações de logística e distribuição de alimentos até o desenvolvimento de agricultura familiar sustentável e sistemas hídricos de abastecimento com o objetivo de erradicar a fome no mundo até 2030.

Vários fatores podem colocar em risco a segurança alimentar, como guerras, mudanças climáticas, desastres ambientais e pandemias.

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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS

O termo segurança dos alimentos está relacionado à garantia da inocuidade dos alimentos e pode ser entendido como “alimentos seguros”, ou seja, que não ofereçam riscos à saúde do consumidor, sejam eles microbiológicos, químicos ou físicos.

Nesse âmbito, temos a atuação de diversos sistemas de gestão nas indústrias de alimentos, como as Boas Práticas de Fabricação (BPF), e programas como a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), que estabelecem normas para eliminar as fontes de contaminação, evitando a ocorrência de doenças transmitidas por alimentos.

OS EFEITOS DA PANDEMIA DO COVID-19 SOBRE A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

A pandemia do COVID-19 afetou profundamente as indústrias e, de certa forma, colocou em risco a segurança alimentar, principalmente para as comunidades e regiões mais vulneráveis.

As medidas de isolamento social adotadas, tão essenciais para frear o avanço no contágio do vírus e evitar um cenário ainda mais desastroso, podem gerar o efeito adverso de interferir na cadeia e comprometer a segurança alimentar nas mais variadas formas: indisponibilidade por mudanças no padrão de consumo da população, interrupção no sistema de transporte que escoa mercadorias, falta de pessoas para produção, falta de renda e recursos para aquisição de alimentos, restrições às transações comerciais entre países, entre outras.

Já para a segurança dos alimentos, a crise do COVID-19 trouxe mudanças na forma de produzir esses bens, demandando das indústrias adequações e reestruturações repentinas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) apontam que, até o momento, não há evidências de contaminação do novo coronavírus pelos alimentos, mas, ainda assim, o cumprimento das Boas Práticas de Fabricação deve ocorrer rigorosamente. Além das regras já existentes, novas medidas foram recomendadas pela ANVISA por meio da NOTA TÉCNICA Nº 18/2020 – Covid-19 e as Boas Práticas de Fabricação e Manipulação de Alimentos, incluindo reforço na higienização de equipamentos e superfícies, adequações dos espaços produtivos e maiores cuidados na avaliação da saúde do colaborador2.

Talvez não exista nenhuma esfera da sociedade que tenha escapado ilesa, sem sofrer nenhum efeito dessa crise. O cenário que enfrentamos é de grande complexidade e exige, seja do cidadão, seja das indústrias ou governos, flexibilidade e alinhamento para minimizar todos os danos.

 

A seguir, deixamos alguns links para você continuar a sua leitura:

Painel Coronavírus: https://covid.saude.gov.br/

Agência de Informação Embrapa Segurança dos Alimentos: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia22/AG01/arvore/AG01_179_24112005115229.html

 

Referências:

1Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: http://www4.planalto.gov.br/consea/

2Covid-19 e as Boas Práticas de Fabricação e Manipulação de Alimentos: http://portal.anvisa.gov.br/documents/219201/4340788/NT+18.2020+-+Boas+Pr%C3%A1ticas+e+Covid+19/78300ec1-ab80-47fc-ae0a-4d929306e38b

Imagens: Shutterstock