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Cromo na Nutrição de Suínos: Metabolismo, Estresse e Benefícios

Publicado December 06, 2023
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Cromo na Nutrição Animal: Da Metabolização ao Controle do Estresse em Suínos

Autora: DSc. Mara Costa, Gerente de Serviços Técnicos – Suínos - Kemin Nutrição e Saúde Animal - América do Sul

Resumo

Os trabalhos mostrando o cromo como mineral essencial na nutrição animal tiveram início na década de 60, pelo envolvimento deste mineral no metabolismo de carboidratos, lipídeos, proteínas e ácidos nucleicos. A sua importante ação é a de potencializar a ação da insulina, tornando-a biologicamente ativa e permitindo o melhor uso da glicose, principalmente quando se tem o fator de tolerância à glicose. Em suínos, é comprovado seu benefício na reprodução, performance, características de carcaça e qualidade de carne.

A sua ação em diminuir a sensibilidade dos animais ao estresse foram mostrados em estudos a partir do ano de 1992, mostrando que ao receber suplementação de cromo, os animais apresentaram redução nos níveis de cortisol sérico.

O cromo também exerce importante papel no sistema imunológico, ao modular respostas imunes pelo seu efeito sobre os linfócitos T e B, macrófagos, produção de citocinas, além de fornecer energia para o sistema imune.

Ao utilizar o cromo inorgânico, apenas 0,4 a 3% dele é absorvido. Por isso a suplementação com uma fonte orgânica, com maior biodisponibilidade, se faz uma estratégia essencial. Além da forma orgânica utilizada (propionato de cromo, cromo metionina, cromo levedura), sua concentração na dieta e o status do cromo no suíno tem impacto na eficiência da resposta.


 
Cromo: Reforçando a Resposta Imunológica para o Bem-Estar Animal

A ativação do sistema imune necessita de muita energia, aumentando sua demanda e muitas vezes, redirecionando a energia que poderia ser utilizada para a performance animal. Monócitos e linfócitos B, mesmo quando inativados, possuem receptores de insulina na sua superfície, e os linfócitos T quando ativados desenvolvem esses receptores.

O cromo tem atuação na resposta imune adquirida ao intensificar a resposta das células imunes à insulina. Ao aumentar a proliferação de linfóticos T e linfócitos B, o cromo atua como aliado na ativação através do aumento de citocinas e produção de anticorpos.

Em uma avaliação com leitões desafiados e não desafiados, a suplementação do propionato de cromo (KemTRACETM Cromo) promoveu melhora no sistema imune, verificado pelo aumento na concentração sérica de imunoglobulinas totais, IgG e gamaglobulina. Foi verificado também o aumento na atividade de neutrófilos e células brancas quando os animais foram desafiados.

 
Cromo e Cortisol

Os suínos estão expostos a diversos fatores estressantes durante sua vida produtiva. E o principal hormônio envolvido é o cortisol.

Em situações de estresse, os animais apresentam alterações no metabolismo de glicose, com consequente aumento na mobilização e perda (excreção) do cromo. Em humanos, o estresse associado a traumas físicos ou exercício excessivo e lactação aumentam a excreção de cromo na urina, podendo levar à deficiência deste mineral.

Diversos estudos comprovam que a suplementação de cromo adequada diminui a concentração sérica do cortisol durante o estresse.

 
Cromo: aliado contra o estresse calórico

O suíno é um animal homeotermo, com dificuldade em dissipar calor. Na fase de creche, crescimento e terminação, a temperatura de conforto térmico é, respectivamente 29 a 23oC e 19 a 15oC, e na fase de lactação 15 a 21oC, acima ou abaixo desse intervalo de temperatura, o animal precisa investir energia para manter a homeostase.

O efeito deletério do estresse térmico é a infertilidade em matrizes com consequências futuras em seus leitões. Leitões de matrizes que sofreram estresse calórico apresentam dificuldade na termorregulação nas fases seguintes e maior deposição de gordura corporal em resposta à insulina.

A primeira defesa do animal em estresse calórico, é diminuir o consumo na tentativa de diminuir a produção de calor metabólico, e com a menor ingestão de nutrientes, já tem queda na performance. Porém, o estresse calórico tem atuação direta no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos que também vai contribuir com a menor performance e efeito deletério nas características de carcaça, com maior deposição de gordura e menor deposição de massa muscular.

Outro mecanismo de defesa é aumentar a circulação periférica, levando à hipóxia no sistema digestivo. O resultado será o desencadeamento da reação inflamatória com comprometimento da estrutura e função intestinal, com consequente perda de performance. A resposta da inflamação é a ativação do sistema imune que requer e sequestra energia, já comprometida por todos esses eventos (Figura 1).

 

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Figura 1: Efeito do estresse calórico na saúde e produtividade animal. (Adaptado de Mayorga, et al. 2019)

 

O cromo é um importante aliado para auxiliar o animal em estresse calórico, ao promover o aumento da sensibilidade à insulina, o cromo aumenta a microcirculação da pele, facilitando a vasodilatação e melhorando a dissipação do calor.

O cromo também tem importante ação sobre o metabolismo comprometido pelo estresse calórico, verificado pela manutenção do consumo de ração. Em uma avaliação em que os animais na fase de crescimento em temperatura termoneutra (21,3oC) foram desafiados a condições de estresse calórico progressivo e cíclico (27,0oC a 31,0oC) durante 35 dias, foi contatado que o estresse calórico promoveu queda no consumo de ração (3,59 kg vs 2,83 kg, média em ambiente termoneutro e sobre estresse calórico, respectivamente), consequentemente, foi verificada queda de performance impactando o ganho de peso (0,96 kg vs 0,75 kg, média em ambiente termoneutro e sobre estresse calórico, respectivamente). Entretanto, o grupo que recebeu propionato de cromo (KemTRACETM Cromo) apresentou menor impacto do estresse calórico sobre a performance (consumo e ganho diário de peso) que o grupo sem suplementação de cromo (Gráficos 1 e 2), comprovando que o KemTRACETM Cromo é um aliado em desafios de estresse calórico.

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Além da manutenção da performance, o uso de cromo suporta o sistema imune, mesmo em estresse calórico. Quando suplementados com propionato de cromo (KemTRACETM Cromo), suínos na fase de engorda em condições de estresse calórico (27 a 31oC) durante 31 dias, tiveram maior produção de neutrófilos e monócitos em relação ao grupo sem a suplementação. O KemTRACETM Cromo, promoveu maior e melhor uso da glicose, pois mesmo em situação de estresse calórico, houve melhora da função imune.

 
Para ter o benefício do cromo, a fonte é importante

Para ter a garantia de resposta ao uso do cromo orgânico, é importante optar por uma fonte solúvel, que permita a dissociação do cromo, pois apenas o cromo livre é absorvido e translocado da corrente sanguínea para as células alvo.

O KemTRACETM Cromo tem o propionato como a fonte orgânica. As características do ácido propiônico e por consequente suas ligações com o cromo resultam em um produto de maior solubilidade e biodisponibilidade.

Durante o teste de tolerância à glicose suínos em crescimento receberam insulina para determinar a biodisponibilidade e sensibilidade deste ao cromo. Foi verificada a cinética de glicose segundo a fonte de cromo orgânico na dieta. Suínos que receberam picolinato de cromo não tiveram maior liberação de glicose (p>0.12) que o grupo sem suplementação. Suínos do grupo que receberam propionato de cromo (KemTRACETM Cromo) tiveram 45% maior liberação de glicose (p<0.01) que o grupo não suplementado, e 18% (p<0.10) a mais que o grupo suplementado com picolinato de cromo.

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Figura 2: Efeito da fonte de cromo na dieta na cinética da glicose durante um teste de desafio de insulina intravenosa em suínos na fase de crescimento

 

Estas foram algumas comprovações que a KEMIN® apresentou para que o KemTRACE™ Cromo (propionato de cromo) fosse a primeira permitida e, atualmente, a única fonte de cromo revisada para o uso no mercado para suínos pelo FDA (Food and Drugs Administration).

O KemTRACETM Cromo é indicado em todas as fases da produção dos suínos e a recomendação é de 200 ppb, pois devido a sua fonte, sua biodisponibilidade e capacidade de dissociação tem- se a garantia que essa dose entrega a quantidade de cromo necessária para os benefícios do uso.

Outro ponto, e muito importante, é a garantia que apenas o cromo (III) está presente no produto. As principais valências de cromo são o cromo (III) e cromo (VI). O cromo (III) deve ser utilizado como suplemento aos animais e humanos, pois essa valência é mais estável e segura para a saúde de todos envolvidos (manipulador, animal e consumidor animal).

O cromo (VI) é geralmente encontrado em resídus industriais e no organismo é reduzido a cromo (III). Durante esta reação há formação de compostos intermediários reativos que podem contribuir com eventos celulares citotóxicos, genotóxicos e carcinogênicos.

Por isso é de extrema importância a garantia do cromo (III) na suplementação animal e limites para cromo (VI).

 
Conclusões

O cromo é um nutriente essencial para o suíno. Sua principal função é potencializar a ação da insulina, permitindo maior e melhor uso da glicose pelo animal. O cromo está envolvido no metabolismo de carboidratos, proteínas, lipídeos e ácidos nucleicos.

A suplementação adequada de cromo resulta na melhora da reprodução e performance com melhor característica de carcaça.

A ação do cromo sobre a glicose, permite que ele traga benefícios para o sistema imune e na resposta ao estresse aumentando a produção e possibilitando maior ativação das células de defesa com produção de mais anticorpos e redução dos níveis séricos de cortisol.

Esses benefícios tornam o cromo um excelente aliado para auxiliar o animal contra os efeitos deletérios do estresse calórico.

O estresse calórico pode levar a baixa performance com efeitos deletérios na carcaça com comprometimento da saúde intestinal e sistema imune.

Entretanto, para garantia dos benefícios, a fonte de cromo deve ser solúvel, ter alta biodisponibilidade e estar na inclusão correta na ração.

O KemTRACETM Cromo, propionato de cromo, foi a primeira fonte de cromo orgânico permitida pelo FDA por mostrar eficiência e comprovar ser segura, por apresentar apenas o cromo (III) na sua composição.

 


Referências:

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