O uso de protease na alimentação de monogástricos é destacado devido à presença de complexos proteicos nas dietas tropicais, como milho e farelo de soja, que podem não ser facilmente digeridos por animais jovens com baixa produção de enzimas. A adição de proteases é desejável para inativar fatores antinutricionais, como lecitinas e inibidores de tripsina, encontrados em alimentos como leguminosas.
A suplementação de proteases exógenas em dietas para monogástricos tem como objetivo quebrar as proteínas de armazenamento presentes em ingredientes vegetais, as quais têm afinidade com o amido, formando complexos insolúveis que não podem ser digeridos. Isso é particularmente relevante devido aos custos elevados e à variabilidade na composição e qualidade dos ingredientes, como farinhas de origem animal, tornando a utilização de protease economicamente eficiente em dietas avícolas.
O aumento dos preços das matérias-primas proteicas e a preocupação com a poluição ambiental gerada pelos resíduos dos animais de produção destacam a necessidade de reduzir os nutrientes excretados pelos animais e otimizar a utilização da ração.
O farelo de soja, com teor de proteína bruta variando de 44% a 48%, é a principal fonte proteica em dietas tropicais. No entanto, devido à variação na qualidade e na digestibilidade dos nutrientes, nem toda a proteína pode ser digerida pelas aves. A protease endógena consegue digerir apenas de 60% a 85% da proteína na dieta à base de farelo de soja, devido à rápida passagem da alimentação pelo sistema digestório. Isso cria uma oportunidade para o uso de proteases exógenas.
Pesquisas recentes estão focadas no desenvolvimento de proteases exógenas projetadas para otimizar a digestão no intestino. Estas proteases suplementares não só melhoram a liberação de aminoácidos, mas também reduzem os custos da alimentação, permitindo a redução do nível de proteína na dieta. Uma multiprotease termorresistente, que contém proteases ácidas, neutras e alcalinas, e utiliza uma tecnologia de liberação alvo em várias condições gástricas e de pH, demonstrou melhorar a digestão proteica em comparação com proteases de cepa única.
O objetivo do trabalho foi realizar um estudo com frangos de corte para avaliar a eficácia de um blend de proteases ácidas, neutras e alcalinas, em comparação com uma protease de cepa única (com ação em pH alcalino), sobre os principais parâmetros de desempenho.
Um estudo com 3.984 frangos de corte da linhagem Hubbard foi conduzido, dividindo-os aleatoriamente em quatro tratamentos, com 6 repetições e 166 aves por repetição, durante um período de criação de 1 até 35 dias de idade. O controle positivo consistiu em uma dieta peletizada à base de milho e farelo de soja, sem o uso de protease, conforme recomendações do manual de linhagem. No controle negativo, foi utilizada a mesma dieta com uma redução de 0,7 pontos na Proteína Bruta.
Nos outros dois tratamentos, foram adicionadas proteases: uma protease de cepa única alcalina e um blend de multiproteases, nas dosagens de 500g/T e 300g/T de ração, respectivamente, conforme recomendações dos fabricantes. Os parâmetros de desempenho avaliados incluíram porcentagem de viabilidade, ingestão de ração, peso corporal e conversão alimentar. Os detalhes dos tratamentos podem ser encontrados na Tabela 1.
Tabela 1: Descrição dos tratamentos ultilizados
A suplementação do blend de multiproteases mostrou maior índice de viabilidade e peso corporal médio, menor ingestão de ração e melhor conversão alimentar quando comparada à ração com protease de cepa única alcalina, além de valores muito similares ao controle positivo. Isso sugere que a redução nutricional na formulação (redução de custos) pode ser corrigida no desempenho dos animais, com a utilização do blend de multiproteases.