A presença de micro-organismos invisíveis a olho nu nos grãos armazenados pode representar um prejuízo significativo para os produtores rurais e até um risco à saúde dos consumidores. É o que alerta Natália Vicentini, diretora de marketing da Kemin, em entrevista ao programa Ganhando o Futuro, do Canal Rural. Segundo a especialista, fungos e bactérias encontrados durante a armazenagem podem provocar perdas de até 25%, caso não haja controle microbiológico eficaz.
“Quando o produtor enxerga o fungo, muitas vezes ele já está bem instalado. E mesmo que o grão pareça limpo, pode conter micotoxinas, substâncias tóxicas produzidas por esses fungos”, explicou Natália.
Os principais inimigos, segundo ela, são os fungos filamentosos como Aspergillus, Penicillium e Fusarium, que podem estar presentes desde o campo até o armazém. O controle microbiológico, afirma Natália, exige práticas constantes e análises laboratoriais.
“O grão é um organismo vivo, e o silo também. Eles reagem à temperatura, umidade e tempo. Por isso, ferramentas como termometria, aeração adequada e controle de umidade na entrada são fundamentais”, detalha.
Ela alerta ainda que, embora seja possível fazer análises visuais e sensoriais, como verificar odor de fermentação ou formação de grumos, apenas os testes laboratoriais detectam com precisão a presença de micotoxinas.
O problema é mais comum do que se imagina. Segundo a diretora da Kemin, micotoxinas como as aflatoxinas, produzidas pelo Aspergillus, estão entre as mais frequentes e prejudiciais. Em mercados exigentes como a União Europeia, o limite máximo permitido de aflatoxina é de apenas 4 ppb (partes por bilhão). “Se um lote ultrapassa esse limite, ele pode ser desclassificado, perdendo valor comercial ou até sendo descartado”, explicou. Essas contaminações, além de comprometerem a qualidade do grão, impactam diretamente no bolso do produtor.
“Perdas por má armazenagem podem chegar a 10%. A desclassificação por grãos mofados, quebrados ou ardidos representa de 5% a 15% de perda. E o produtor que consegue armazenar e vender no momento certo pode ter até 20% a mais de valorização”, destacou Natália, citando dados da Conab.
Apesar dos riscos, o descarte de lotes contaminados nem sempre ocorre. “Infelizmente, o Brasil ainda tem uma capacidade de armazenamento inferior à produção. Muitos grãos são guardados onde for possível, até a céu aberto. E a prática da diluição, em que grãos contaminados são misturados aos bons, ainda acontece, o que compromete toda a cadeia”, lamenta. Natália também reforça que a responsabilidade pela qualidade dos grãos não se limita à fase de cultivo.
“O armazenador não consegue melhorar a qualidade do grão. Por isso, a procedência é essencial, assim como o acompanhamento técnico desde o campo até o silo. Se temos agrônomos na lavoura, também precisamos de especialistas no pós-colheita”, defendeu.
Ela finaliza com um recado direto aos produtores: “Visualmente limpo não é sinônimo de seguro. Monitorar o que está acontecendo dentro do seu silo é essencial para garantir um alimento de qualidade e seguro até a mesa do consumidor”.
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